quarta-feira, 21 de setembro de 2016

SÉTIMO TRECHO - GUARATINGUETÁ A CUNHA - 29/12/2016

Acordamos como de praxe às 06h00, ajeitamos tudo e fomos tomar nosso café da manhã. Umas 07h30 estávamos partindo em direção a Cunha. 


Trecho até Cunha 
  • 3,23 km - Cemitério da Saudade / Estrada do Morro Frio
  • 6,89 km - Barreira policial SP - 171
  • 9,95 km - Estrada de terra, sentido povoado Goiabal e Brumado
  • Serra da Quebra-Cangalha
  • 19,8 km - Voltar a rodovia SP - 171
  • Frase de um Totem da E.R. - “Índios, ouro, bandeirantes, comerciantes de materiais de progressos, africanos, religiosos, cientistas, estrangeiros, café, açúcar, autoridades, tropas e tropeiros, nestes caminhos passaram e essas maravilhas avistaram.”
  • 21,53 km - Entrada Bairro Rocinha - possui cultura peculiar de roça. Foi também pouso de tropeiros e guarda trincheira da Revolução de 1.932. 
  • 22,33 km - Santuário Sto Expedito
  • Divisa Cunha / Paraty
  • Café Tudo da Roça
  • 27,04 km - Hotel São Francisco
  • 32,34 km - Rio Paraitinga
  • 37,06 km - Estrada de terra, sentido Restaurante Toca do Peixe
  • Pousada Seriema - possui até lago com pesca esportiva
  • Igrejinha amarela
  • 48,76 km - Início calçamento / avista-se Cunha no horizonte
  • 50,63 km - Igreja Matriz
  • Restaurante Jeca Grill - recomendado por meu amigo Oswaldo Buzzo
Saímos pela cidade, seguindo as orientações da carta de navegação obtida no site da Estrada Real, e logo começamos a ver os totens. Assim que a área urbana foi ficando para trás, começamos a nos ambientar com a rodovia SP-171. Em alguns trechos seguíamos por rotas paralelas, não pavimentadas. Apesar da estrada de terra exigir mais força na pedalada, preferimos seguir por elas, sempre que possível, devido a um contato mais próximo com a natureza e o calor ser mais ameno.



Foram uns 4 quilômetro em via de terra... logo voltamos a SP-171.


Em alguns trechos, principalmente nas subidas, eles ampliam a estrada deixando a rodovia sem acostamento. Nesses momentos, passávamos para o acostamento da contra-mão. 


Como aqui há um grande fluxo de ciclistas, os motoristas são conscientizados por meio de placas.


Momento descontração... ao fundo é possível ver as montanhas que nos aguardam. 



Após o nono quilômetro, viramos a direita em direção ao bairro Goiabal. 


Um 'papinho' básico com o meu amigo equino... notei que ele é meio metido, virou a cara para mim! 


Passamos por um senhor que, com 60 anos de idade e com sua bike simples sem marcha, faz em torno de 30 km para visitar sua irmã, uma vez por semana. Ele se surpreendeu quando contamos que nosso destino era Cunha... digo a ele que, com o condicionamento que tem, poderia muito bem nos acompanhar. Noto que ele não tem água... ofereço a nossa, mas ele diz que não precisava, visto ter tomado há pouco no posto policial, que passamos na rodovia. 



Nos despedimos dele, que seguiu a direita, enquanto nós seguimos em frente. Aqui o caminho começa entrar em forte ascenso. Pra nossa sorte, há alguns trechos bem arborizados. 



O caminho é muito bonito. Passamos por alguns sítios onde haviam grandes famílias que, provavelmente, estão chegando para passar a virada do ano.  



Conforme as horas vão passando, o sol fica cada vez mais forte e as sombras, na parte mais alta do percurso, vão ficando mais escassas. 


Após uns 17 km, um grande susto. O pedal da minha bike simplesmente quebra... Olho para Filipe, que normalmente sempre tem uma solução para tudo, que me olha igualmente assustado



Ele retira o pedal da bike dele e coloca na minha. Penso que ele tem um plano e, quando pergunto, me diz que vai empurrando... como assim, empurrando?? até o final? Temos mais 41 km pela frente... Ele até tenta pedalar, mas é impossível. 



Filipe ficou muito nervoso. Abaixou a cabeça e seguiu caminhando bem rápido. Enquanto eu, sigo em sua retaguarda, forçando minha mente a pensar em alguma solução... logo surge uma ideia! Pedalo mais rápido, para alcançá-lo, e falo: 'Filipe, vamos bater na próxima casa... todo mundo tem uma bike velha jogada... propomos comprar os pedais!' Sem me dar a menor bola, continuou seguindo como se não tivesse me ouvido... Pedalo mais rápido e, na próxima casa, chamo o proprietário. Conto o ocorrido e pergunto se poderia nos ajudar... Ele diz que tem muitas bike's num ferro velho, no quintal da casa dele. Olho para o Filipe, com um sorriso de: 'viu como eu tinha razão!!' Seguimos até o galpão e começamos a procurar. 






Infelizmente todas as roscas são menores do que precisamos... apesar de não ter dado certo, ele nos deu uma informação super valiosa! Daqui a três quilômetros, passaremos pelo bairro Rocinha. Ele nos diz que ali há uma loja que tem peças de bike e com certeza acharemos o pedal. Seguimos pelos próximos quilômetros tentando aproveitar, como era possível, eu pedalando e Filipe empurrando a bike. 





Olha a rodovia, logo abaixo. Seguindo margeando ela. 



Neste ponto, paro aguardar o Filipe e aproveito para apreciar a paisagem. 


Parada técnica, para repor as energias perdidas. 



Na descida, Filipe sentava sobre a bike e aproveitava o embalo. 



Saímos novamente na SP-171. Pedalar no acostamento é algo que não apreciamos mas, dada as circunstâncias, ficou mais fácil. 


Após uns dois quilômetros, chegamos ao bairro Rocinha. O caminho segue em frente. Como precisávamos dos pedais, viramos a esquerda e entramos no bairro.


Pedimos informação a um rapaz que estava no ponto de ônibus. Ele nos disse que, a tal bicicletaria do 'Dario', localiza-se a uns 2 km na rua principal. Filipe achou arriscado ir até lá, mas acabei convencendo que era a melhor alternativa. Para nossa sorte o caminho era plano e asfaltado. Seguimos perguntando, de vez em quando, para saber se estávamos próximos. De repente, nos disseram que já tínhamos passado... isso porque ele também arruma motos e só tinha essa placa na frente:


Descemos uma pequena rampa e chegamos na super loja que tinha exatamente o que precisávamos: pedais novos, ao custo de R$ 28,00. Grandee Dario, salvou nossa viagem hoje!



Voltamos para a SP-171. Foram mais 18 km pelo acostamento... a sensação térmica estava beirando os 45 graus... estava terrível para pedalar! Seguíamos de sombra em sombra. 


Ficamos muito felizes quando vimos a estradinha a esquerda, que seguiria por terra. Pegamos uma pequena descida mas rapidamente começamos a subir novamente. Eu subestimei o caminho daqui para frente... achei que já tínhamos subido quase tudo... mas o pior ainda estava por vir!



E o sol a cada minuto ficava mais forte!


Apesar de cansativo e quente, as paisagens do alto são maravilhosas. 


Estava bem desencanada quanto a quilometragem... mas, quando o sofrimento apertou, resolvi conferir qual era o número do totem. Faltavam 8 km para chegar a Cunha. 


Mais algumas paisagens do caminho!



De vez em quando, passávamos por uns trechos pavimentados... quando avistávamos, sabíamos que a subida seria dura! Eles tem o hábito de pavimentar trechos que ficariam difícil subir ou descer, em caso de chuva. Meu... que subidas!


E cadê Cunha? Nada ainda... 


Nossas águas acabaram. Estava muito quente! Chegou até bater um pequeno estresse... para nossa sorte, não foram muitos quilômetros assim... logo a frente, avistamos a cidade. 


Cunha - A Estância Climática de Cunha tem suas origens por volta de 1.695. Nessa época, muitos aventureiros subiam a serra, pela trilha dos Guaianás, com destino ao Sertão de Minas Gerais, atraídos pela notícia de que havia ouro e pedras preciosas naquela região. Conhecida como “Boca do Sertão”, tornou-se parada obrigatória para descanso e reabastecimento das tropas. Já em 1.730, os viajantes que se fixaram na região construíram um povoado onde a família portuguesa Falcão ergueu uma capela chamada Sagrada Família. Devido à contribuição desta família para o povoado, durante muito tempo, a cidade foi chamada de Freguesia do Falcão. No início do século XVIII, a grande movimentação de tropas pelo local atraiu bandidos e saqueadores. Muito ouro que vinha de Minais Gerais para embarcar em Paraty, rumo a Portugal, foi desviado. Devido à necessidade de se criar um posto para vigiar o local, surgiu a Barreira do Taboão, localizada entre a Freguesia do Falcão e Paraty. Com o declínio do ciclo do ouro, muitos desbravadores acabaram ficando na região atraídos pelo clima e pela fertilidade do solo. Essa intensa movimentação gerou um rápido desenvolvimento local. Atualmente a cidade tem 22 mil habitantes. Sua economia deriva-se da agricultura, pecuária, leiteira, produção de trutas e vem crescendo também o artesanato e o turismo. Há vários ateliês de cerâmica e em algumas datas é possível acompanhar a abertura dos fornos onde as peças são queimadas. Outro ponto forte é a gastronomia que servem desde o trivial variado, da comida caipira com influência mineira, até a cozinha do interior da França, além de fondues ou receitas a base de truta, pinhão e cogumelos shitake.

Após uma grande descida, chegamos a Cunha... certo, cadê o centro? Sobeeeee tudo o que acabou de descer e chega ao centro. 




Fomos a um bar, compramos dois litrões de skol e viramos numa pegada só.... ooo hidratação boa! Bem mais tranquilos, seguimos até a Pousada das Flores, localizada atrás da Igreja do Rosário.  


A pousada é uma graça e o proprietário muito simpático. Ele só cometeu uma falha... como liguei há quase um mês para fazer as reservas, ele me havia prometido o quarto de frente para as montanhas. Quando chegamos, não havia mais vagas nesses quartos... eu fiquei meio decepcionada com isso... principalmente porque ele havia me criado uma grande expectativa sobre este visual. Respirei fundo e tentei não me chatear... mas, havia outro agravante. O quarto virado para a Igreja pega sol a tarde inteira. O local estava tão quente, que era quase impossível ficar lá dentro. O ventilador era muito fraco e pequeno, para o quarto que é bem grande. Bom... tomamos um banho frio, nos arrumamos e saímos. Ele nos deixou usar a máquina de lavar de sua casa, localizada bem ao lado da pousada. 

Na sequência, pegamos o carimbo nos passaportes da Estrada Real e fomos tentar achar um local para jantar. Infelizmente estavam todos fechados. Quando encontramos o tal do Jeca Grill (R. Dr. Alfredo Casemiro da Rocha, 43, Centro), a porta estava apenas encostada.  Na maior cara de pau, abrimos e fomos chamando, para ver se aparecia alguém. Comentamos que queríamos comer e perguntamos se eles poderiam ao menos nos fazer uma marmitex. Apesar de fechado, visto que só abre para o almoço, disseram que podíamos sentar que nos serviriam um jantar bem gostoso. Cumprindo a promessa, nos trouxeram arroz, feijão, batata e uma carne deliciosa. 



Tudo estava perfeito! Apesar disso, com a temperatura local tão alta, nem consegui me alimentar direito. 

Assim que terminamos o jantar, retornamos a pousada e fomos descansar. 

Sobre este dia: Subestimei o trecho após o km 37... achei que seria um pouco mais tranquilo. Haviam muitas subidas e descidas, que não aparecem no gráfico. O calor nos castigou grandemente. Apesar disso, houveram belas paisagens e conseguimos chegar relativamente cedo. Apesar do estresse em relação ao pedal da minha bike, tivemos grande sorte por ter quebrado próximo a um local de reparo... pedalamos uns 20 km por locais ermos e quase nenhum carro passou por nós... A pousada foi boa mas, se decidir ficar ali, tente solicitar o quarto virado para as montanhas... além de mais bonito é também mais fresquinho. 

Gastos:
Água, refrigerante R$ 10,00
Pousada R$ 120,00
Jantar R$ 85,00
Total: R$ 215,00





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