domingo, 18 de setembro de 2016

DÉCIMO DIA - CENTRO HISTÓRICO PARATY - 01/01/2017

O passeio até agora estava maravilhoso, mas a grana e as férias estavam acabando... Tínhamos que decidir quando e como voltar para casa. Conversando sobre isso, no café da manhã, descobrimos que Rene e Luciana residem na cidade de Piedade, localizada ao lado de Sorocaba. Como trouxeram um barco numa carretinha, perguntamos se, caso fosse preciso, poderiam levar nossas bikes. Além de concordar, nos convidam a ficar mais um dia para fazer  um passeio com eles até o Saco do Mamanguá e um trekking até o Pico do Pão de Açúcar. Achamos que seria uma grande oportunidade e ficamos de avaliar para logo responder.

Os planos deste dia era ir até o Centro Histórico, tentar pegar nosso certificado do Caminho Velho, da Estrada Real, passear e comprar algumas lembrancinhas. Chegamos a avaliar ir de bike, mas Sandro comentou que havia ônibus com frequência para o centro... por isso, decidimos ir de 'busão'. 


O ônibus foi uma grande aventura! Quando chegamos de bike, não notamos quantas arribanceiras haviam nesta estradinha de terra, o quanto as pontes eram extremamente estreitas, coisas que foram apercebidas em detalhes, no percurso de 'busão'. Para dar ainda mais emoção, o motorista correu tanto que, além de nos jogar daqui pra lá, de lá pra cá, entravam galhos pelas janelas abertas e caiam sobre nossas cabeças. Digamos que foi um passeio, de aproximadamente uma hora, com muita emoção! 

Quando chegamos na rodoviária, fui checar na empresa Reunidas se havia passagem para o dia seguinte até SP e, só por desencargo, se nos deixariam levar as bikes. Pouco antes de vir, mandei um email para a empresa questionando sobre viajar com bike e achei meio absurdas as exigências deles... por isso, fui conferir 'in loco' se estavam alinhados com tais informações. Bom, além de não ter mais nenhuma passagem para o dia seguinte, data que pretendíamos voltar, confirmaram que era necessário ter nota fiscal, desmontar e embalar a bike, para poder embarcar. É insano tudo o que pedem, principalmente se compararmos com o atendimento brilhante que temos de outras empresas. A Cometa, por exemplo, nos deixam completamente a vontade, para colocar a bike montada no porta mala, sem nenhuma outra exigência tosca!

  

Fomos verificar a segunda hipótese e, para nossa tristeza na outra companhia, era ainda pior: não permitiam que levássemos as bikes no primeiro trecho, até Ubatuba. Como já tínhamos arrumado um jeito para despachar as bikes, no carro de nosso amigos, decidimos comprar as passagens até Ubatuba e de lá para São Paulo, pela empresa Litorânea. Se não tínhamos avaliado tudo isso? Sim... Caso não tivéssemos a ajuda para despachar as bikes, iríamos pedalando até Ubatuba e lá verificar se a empresa Litorânea nos permitiria embarcar com as bikes. 

Após definido nosso retorno, seguimos em direção ao centro histórico. Com a sensação térmica de aproximadamente 45 graus, não estava muito confortável andar pelas ruas, próximo ao meio dia. Para nos proteger, compramos chapéus e abusamos no filtro solar. Como era hora do 'almoço', paramos para tomar um assai fresquinho. 


Centro Histórico de Paraty: considerado pela UNESCO como "o conjunto arquitetônico colonial mais harmonioso", é também Patrimônio Nacional tombado pelo IPHAN e é candadita a Patrimônio da Humanidade. Passear pelo Centro Histórico de Paraty, é entrar em outra época, onde o caminhar é vagaroso devido às pedras "pés-de-moleque" de suas ruas. O piso é original com mais de 300 anos. A maçonaria deixou sua forte marca nas fachadas dos sobrados, com desenhos geométricos em relevo. Sua ruas, protegidas por correntes, impedem a passagem dos carros, preservando ainda mais o encanto colonial, aliado a um variado comércio e a expressões culturais e artísticas muito intensas. Seus casarões coloniais, hoje abrigam muitas lojas, ateliers, pousadas e restaurantes. Na Casa da Cultura sempre pode-se assistir a shows, peças teatrais, exposições e eventos.

História - ascensão ao esquecimento: Com a construção de um novo caminho da Estrada Real, desembocando diretamente no Rio de Janeiro, a cidade passou por um isolamento econômico. Algum tempo depois, o porto de Paraty voltou ter bom movimento pois o café vindo do Vale do Paraíba era embarcado no município com destino a Portugal. Sua maior crise ocorreu na época da abolição da escravatura, no ano de 1.888, pois o município perdeu o movimento em seu porto e a população que era de aproximadamente 16.000 habitantes caiu para menos de mil. Esse 'esquecimento' colaborou para manter o centro histórico bem preservado.    

Paraty histórica - atual: Após a abertura da Estrada Paraty-Cunha e, principalmente, após a construção da Rodovia Rio-Santos na década de 70, Paraty tornou-se polo de turismo nacional e internacional, devido ao bom estado de preservação de seu patrimônio histórico e graças às suas belezas naturais.  Em sua área encontram-se o Parque Nacional da Serra da Bocaina, a Área de Proteção Ambiental do Cairuçú, onde está a Vila da Trindade, a Reserva da Joatinga, e ainda, faz limite com o Parque Estadual da Serra do Mar.  Ou seja, é cercada pela Mata Atlântica por todo lado. Com isso o turismo começou a aparecer tanto pelas belezas naturais do local quanto por sua arquitetura em estilo colonial preservado. Hoje o município é visitado por turistas do mundo todo. Segundo estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística para 2014, possuí 39.965 habitantes. 

Logo na entrada, notamos a corrente que impede os carros de passar. Isso é muito positivo, visto que o calçamento já exige atenção suficiente do turista. 


Quase em frente ao Centro Histórico, está localizado o último totem. Antes de iniciarmos o passeio, fomos até lá, fazer nosso último registro da Estrada Real. 


Seguimos finalmente para uma viagem no tempo... com um maravilhoso acervo de casarios barrocos, de arquitetura bem preservada graças a sua história, é possível imaginar como era a vida nó século XVIII, aqui na cidade. 






Para quem quiser, é ainda possível fazer o passeio de charrete, com direito a um guia que apresenta as ruas mais famosas, casarios marcantes e conta um pouco da história da cidade. 


Me sinto extremamente tocada, pela beleza daqui. Por alguns instantes, lembro-me de Diamantina e da alegria que foi chegar lá, ao término do Caminho dos Diamantes. 


Para a nossa sorte, por ser dia 01/01 ou talvez pelo calor intenso, muitas ruas encontravam-se praticamente vazias. 





Dessa forma, era possível apreciar com mais calma a beleza e todos os detalhes... enquanto fazia isso, lembrei-me de um texto escrito por meu querido amigo Therbio, sobre o centro histórico de Diamantina: 

"Uma das primeiras sensações que se tem ao iniciar o percurso, é que tudo o que há para ser visto é demais, não cabe nos olhos, porque para qualquer lado que se dirija o olhar há algo que nos captura, seja pela perplexidade diante do belo, pela simplicidade das gentes ou pela velocidade da vida que insiste em ser menor do que a de nosso mal costume. Há de se calibrar o olhar enquanto se caminha pelas ruas de pedra... Tudo parece dizer: ‘Veja as calçadas, as eiras, beiras e tribeiras, meu senhor. Veja as telhas nada simétricas feitas ‘nas coxas’ dos escravos; veja as torres das igreja... Repare nas janelas ornadas com flores ou com ‘namoradeiras’, simpáticas estátuas femininas feitas em madeira colocadas ao borde das aberturas de guilhotina, não para seduzi-los, mas para encantá-los’." 





Seguimos em direção ao mar e, após, caminhamos em direção ao porto. Passamos em frente a Igreja Nossa Senhora das Dores, de 1.800, um dos cartões postais da cidade.




O porto de Paraty nunca teve profundidade para grandes embarcações. O ouro e as pedras preciosas levavam quase dois meses para chegar no porto do Rio de Janeiro, onde eram transferido para as grandes embarcações que seguiam para Portugal. Por esta razão, foi mapeado um 'novo caminho na Estrada Real', que seguia direto para o porto do Rio de Janeiro. Sem ter o que comercializar, os moradores partiram para outras regiões e com isso houve o período de decadência e esquecimento da cidade.


A cidade de Paraty foi fundada em 1.667, em torno da Igreja de Nossa Senhora dos Remédios, sua padroeira. 


A hora passou voando... pretendíamos pegar o próximo ônibus  de volta a Paraty Mirim, por isso, começamos a fazer o caminho inverso, em direção a rodoviária. 



Saindo do Centro Histórico, passamos em frente ao Centro de Informações Turísticas, que infelizmente encontrava-se fechado. Dessa forma, não conseguimos pegar nossos certificados. 


Na rodoviária, embarcamos novamente no ônibus 'montanha russa'. 


Esse motorista conseguiu superar de longe o primeiro! Decidimos fazer uma foto que representasse o que sentimos nessa viagem: 


Não sei se por sorte, mas chegamos bem após a 'divertida' viagem. 

Na pousada, começamos a organizar nossas coisas. Decidimos aceitar o convite para o passeio de barco no período da manhã do dia seguinte, de modo que partiríamos a tarde. Quando Filipe foi desmontar as bikes, notamos que havia um 'novo acessório' na  minha mesa. 



Tirá-la foi uma tarefa para o Super João, nosso biólogo! 


Acho que rolou um clima nessa hora!


Ele estava até avaliando dar um beijinho, para ver se a transformaria em princesa... mas, com jeitinho, convencemos que não era uma boa ideia tentar... já que ele é muito jovem para se comprometer deste jeito! A dona Pê, percebendo as intenções dele, insistiu na ideia do romance.


Mas ele a levou para casa e, depois disso, ouvi dizer que nunca mais se viram... 

Em seguida, caiu uma chuva daquelas! Tínhamos a intenção de ir para a praia mas, com tantos relâmpagos, deixamos para outro dia. Aproveitamos a noite para conversar com nossos amigos e descansar.

Sobre este dia:  O centro histórico de Paraty, é um dos mais bem preservados de nosso país. Amo história e poder conferir o que leio na prática, é extremamente produtivo. Os artesanatos daqui, em especial, é de muito bom gosto e de valor acessível. Foi sem dúvida, um dia muito especial!



Gastos
Ônibus: R$ 13,60 (3,40 por pessoa / por viagem)
Assai, Água: R$ 15,00
Macarrão ao molho pesto: cortesia
Pousada: R$ 180,00
Total: R$ 208,60



Nenhum comentário:

Postar um comentário