sábado, 24 de setembro de 2016

QUARTO TRECHO - BAEPENDI A SÃO LOURENÇO - 26/12/2016

Acordei com a sensação de ter sofrido um atropelamento, no dia anterior, de tão dolorida que estava. Foi difícil até me por de pé e, para ajudar, acordei também com uma crise gastro intestinal, que me convidou ao toalete várias vezes. Como estávamos hospedados em minha amiga, decidimos sair um pouco mais tarde que o normal. Tomamos nosso café da manhã com calma, 'jogamos conversa fora', rimos e aproveitamos para descansar. Aliás, minha amiga preparou um pão de queijo fresquinho... que delícia!   





Foi uma manhã muito gostosa... acabamos partindo somente umas 11h00. (Obrigada Lulu)

Como o relato de ontem foi meio conturbado, não falei sobre a cidade de Baependi, por isso, seguem suas curiosidades: 

Baependi - o nome da cidade significa 'Clareira Aberta'. Fundada em fins do século XVII , é uma das cidades remanescente do ciclo do ouro, que se desenvolveu ao longo da Estrada Real, ligando o porto de Paraty, RJ a Minas Gerais. Os antigos casarões são testemunhas dessa época e recontam a história da cidade. Atualmente, tem aproximadamente 20 mil habitantes e sua economia é baseada na agricultura, comércio, artesanato, pedras como quartzito e no turismo, já que a beleza natural é o forte da cidade, cercada de montanhas, matas, rios e inúmeras cachoeiras. 

Cont. dos trechos de Baependi a Caxambu
  • 12,9 km - Igreja de Mont Serrat
  • 15,1 km - Marco Estrada Real
  • 21 km - Parque das Águas / Caxambu

Assim que partímos, fomos atrás de um lubrificante para a bike. Os pedais e várias outras partes, estavam fazendo um barulho irritante. Compramos e passamos em todas as 'juntas' das nossas meninas, o que resolveu 100% do problema. Outra coisa que deixei de comentar é que o bagageiro, da bike do meu marido, chegou meio quebrado... consertamos com um arame, o que resolveu provisoriamente. 

Seguimos ao Portal da Cidade, onde está localizado o Centro de Atendimento ao turista, para pegar o carimbo da Estrada Real. 





Mas, infelizmente, o local estava fechado. Dei uma espiada na segunda opção, que é a Igreja Nhá Chica. Voltamos para o centro da cidade e, após subidas e descidas, chegamos a igreja. Fiquei cuidando das bikes, enquanto Filipe foi buscar os carimbos na secretaria. 


Voltamos para o caminho dos anjos e, seguindo as setas, passamos por um totem da Estrada Real. Nesta hora o GPS apitou, nos avisando que tínhamos saído da rota demarcada. Pelas setas e mapa o caminho, aparentemente era por ali... mas, depois de termos nos perdidos ontem, preferimos voltar a seguir o GPS, que nos mandou seguir em frente pela Av. Juscelino Kubitschek. Olhando com calma posteriormente, os dois caminhos levariam a Caxambu, um por terra e outro por asfalto (que acabamos por fazer). A distância entre a saída de Baependi (portal da cidade) e a entrada de Caxambu é de apenas 3 km. 

Caxambu -  Com aproximadamente 22 mil habitantes, é uma das principais cidades do Circuito das Águas, muito conhecida como Estância Hidromineral. A história conta que D Pedro II, D. Leopoldina, Princesa Isabel e seu marido, Conde D'Eu, batizaram algumas fontes do parque, após a princesa Isabel conseguir a cura de sua infertilidade, tomando tais águas. Mais tarde, em 1886, Policarpo Viotti realizou importantes obras de captação das águas, e drenagens, para a construção do balneário. As propriedades medicinais das fontes foram estudadas apenas em 1893 por uma comissão de químicos e médicos da Academia Nacional de Medicina. Foram encontrados vários elementos indicados contra anemia e outras debilidades do organismo como astenia, vez que, além de ferruginosa, possui radioatividade e outras riquezas como magnésio, cálcio, flúor, sílica e estrôncio, tornando-se um verdadeiro alimento vivo!

Pontos turísticos: Teleférico, Parque das Águas, Balneário Hidroterâpico, Fonte D Pedro II (coroa), Mirante do Morro, Museu. 



Assim que chegamos a Caxambu, me sentia meio fraca e enjoada. Por isso, sugeri que comprássemos umas frutas fresquinha e fôssemos até o Parque das Águas para nos alimentar. 


Seguimos até saguão com nossas 'meninas', peço o carimbo da Estrada Real e solicito os bilhetes de entrada, ao custo de R$ 10,00 cada. Neste instante, a recepcionista nos comunica que teríamos que achar um lugar para deixar as bicicletas, visto ser proibido entrar no recinto para 'passear de bike'. Explico a ela, que não temos onde deixa-las, já que estamos viajando de bike. Saliento também, que não temos a intenção de andar de bike lá dentro, queremos apenas conhecer rapidamente o local, pegar a famosa água mineral, descansar uns 15 minutos e, na sequência, seguir viagem. Com uma cara nada amigável, ela responde novamente, como se não tivesse ouvido na primeira vez: 'Ok, mas não é possível entrar de bike.' Peço a ela para deixar as bikes ali no saguão, em um cantinho, e ela me diz que isso também não será possível. Quando pergunto a ela o que posso fazer, ela me responde que isso não era um 'problema dela' e sim meu... Faço uma cara de assustada, por sua resposta, ao que ela tenta corrigir sugerindo que levemos as bikes em algum estacionamento... Filipe, irritado, sai do saguão. Um casal que estava na fila atrás de mim, vendo tudo o que estava acontecendo, também começou a se irritar. Como nós, o casal estava viajando pela Estrada Real, só que de moto. Eles pedem que ela chame sua gerente / supervisora, mas ela responde que não tem como chamá-la. Com maior desrespeito, ainda me sugere: 'Se quiser, libero sua entrada e você procura minha gerente pelo parque...' Ao que respondo calmamente: 'Ahh, claro, quer que eu entre e procure pelos 210 mil m2 de parque, sua gerente que nem sem quem é, para solicitar nossa entrada?' O casal fica ainda mais furioso com a moça. Detesto discussões, brigas e polêmicas... aquela situação havia me chateado mais do que gostaria e perdi completamente a vontade de entrar. Peço desculpas a todos que estavam ali, pegamos nossas bikes e seguimos para a praça, que 'por enquanto' continuava pública. Nossa carinha não é das melhores, neste momento. 




Assim que comi as frutas, minha barriga faz um barulho desagradável. Corro para o primeiro comércio que vejo, entro e solicito com muita calma (me esforcei muito para isso), se posso usar o banheiro. O senhor, que deve ser o proprietário do local, me responde friamente: 'Sinto muito, é apenas para clientes'. Poxa vida... quantas coisas dando erradas, em tão pouco tempo... completamente desesperada, supliquei a ele da melhor forma que pude: 'Meu senhor, por favor, sou um ser humano e o senhor também é... eu não estou passando bem e preciso muito usar um banheiro agora.' Ele vira os olhos e de forma indiferente, sem me encarar, joga a chave de qualquer jeito sobre o balcão e vira as costas. Apesar de meu ego estar estraçalhado no chão, pego as chaves e corro para o banheiro. Ao sair, tento deixar tudo como quando entrei. Recolho uns papéis que estavam no chão, para que não pense que fui eu. Quando saio, olhando em seus olhos, agradeço infinitamente por sua 'bondade'. Ele pega as chaves com indiferença e não me responde absolutamente nada. Saio de lá tão decepcionada com tudo que acontecera nesta última hora... falo para meu marido que quero ir embora o quanto antes... ele até me pergunta o que aconteceu, mas estou muito triste para falar. Sem entender, seguimos nosso caminho. 

Apesar da minha decepção, acredito que as situações e as pessoas possam mudar, evoluir e, quem sabe, num futuro próximo, seja possível admitirem cicloviajantes no Parque das Águas. Lamentavelmente não tenho fotos do local, para postar aqui. Mas pesquisei algumas na internet. Vou incluí-las, para que nosso leitor possa ver como é o parque por dentro. 






Trecho a seguir - São Lourenço
  • 3,65 km - Fazenda da Glória
  • 5,05 km - Fazenda Primavera / Capela Nhá Chica
  • Vários trechos sombreados.
  • 8,15 km - Sítio São Francisco
  • 9,55 km - Ponte
  • 13,20 km - Igreja Comunidade Mato Dentro
  • 14 km - Avista-se a cidade de São Lourenço
  • 18,5 km - Hotel Vista Alegre
  • 19 km - Pesqueiro / Bar
  • 25 km - Hotel Casa Branca
  • 25,4 km - Ponte sobre o Rio Verde (menor altimetria do Caminho dos Anjos)
  • 26 km - Parque das Águas / São Lourenço
Tento não me apegar com aquilo que sai errado... gosto da frase que diz: 'Em frente, não tem outro jeito. O problema não é tropeçar, mas apegar-se a pedra.' Por isso, respiro fundo e digo a mim mesma: 'Não vou gastar energia positiva com coisas negativas!' Não é nada fácil, mas tento me concentrar no caminho e na sua beleza!




Capela Nhá Chica
Infelizmente, ainda precisei usar algumas 'moitas' pelo caminho... mas, apesar disso, vi razões para agradecer por este dia, visto ser um dos trechos com altimetria mais tranquila.





Amo namoradeiras! Quando vejo a entrada deste sítio, fico simplesmente encantada... que delicadeza. 


Estou quietinha, em meu 'canto', tentando não pensar em tudo o que havia ocorrido quando, de repente, fomos surpreendidos com uma plaquinha no meio do nada. Tenho vontade de chorar, quando a leio. Neste momento, lembro-me de todos os 'Bom dias, com alegria' que publico em minha rede social. Por vezes, pessoas me dizem ser fortemente encorajadas pelas mensagens. É como se hoje o universo decidisse que deveria ter algo em retribuição... e, para isso, mandou alguém ali, alguns minutos antes de eu passar, para colocar a plaquinha:



Volto a sorrir... de dentro para fora, e repito sem parar para mim mesma: Apenas seja feliz!

É interessante que tudo passou a conspirar de forma positiva. Meu intestino se 'calou' e as paisagens ficaram cada vez mais lindas.






No final do percurso, há algumas subidas e decidas. Logo adentramos a cidade de São Lourenço. 





Chegamos aproximadamente às 17h00, num dia extremamente quente. 

São Lourenço - Também é conhecida como estância hidromineral, faz parte do Circuito das Águas. Cidade de aproximadamente 41 mil habitantes, situada as margens do Rio Verde e próximo a Serra da Mantiqueira. Em 1890, Saturnino da Veiga, adquiriu o terreno onde hoje localiza-se as termas, surgindo a Companhia das Águas Minerais de São Lourenço. A ferrovia chegou em 1.884, apesar da estação ter sido construída apenas 10 anos mais tarde. O município nasceu em 1.927, tendo como principal atrativo o Parque das Águas e suas 6 fontes de água mineral, sendo que a água de uma delas só tem similar na França, em Vichy. 

Pontos turísticos - Parque das Águas, Trem das Águas, Calçadão, Aldeia Vila Verde (artesanatos), Teleférico, Sítio Lagoa Seca, Quinta do Cedro, Rampa de voo livre.



Passamos em frente ao Parque das Águas, que já estava fechando. Pergunto ao segurança se ele acha que conseguiríamos entrar com as bikes, no dia seguinte. Ele me diz acreditar que sim, talvez conversando com a supervisão... super animada, falo para o Filipe que voltaremos aqui amanhã para pegar o carimbo e tentar entrar.


Seguimos pelo centro da cidade, com destino a nossa pousada.


Estava tudo muito 'plano', para ser Minas Gerais... demos uma risada quando enfim, encontramos a rua da pousada. 


Pode não parecer, mas era uma subida e tanto! Olhei para o comércio ao lado, antes de iniciar a subida, e vi uma oferta muito tentadora de Açai... pensei: 'É exatamente o que precisamos!'


Após um descanso de uns 20 minutos, seguimos empurrando as bikes em direção a Pousada do Solar, que tem uma bela vista da cidade, devido a sua localização. Estávamos tão cansados e justo neste dia a pousada não tinha máquina de lavar roupa... Mas, sem reclamar, segui para o banho e aproveitei para fazer as duas coisas. Enquanto isso, Filipe improvisou um varal para as roupas secarem, bem em frente ao super ventilador do quarto. 


Descansamos um pouco e umas 20h00, nosso estômago nos avisou que era hora de providenciar algo para comer. Desci até o saguão e solicitei uma marmitex, já que o cansaço não nos permitiu sair. Uns 40 minutos mais tarde, nossa comida chegou e nos saciou muito convenientemente. 


E assim terminou bem, mais um dia no Caminho dos Anjos.


Sobre este dia: A altimetria é muito tranquila, se comparada com outros dias. Conheço pessoas que preferiram seguir até o Pesqueiro 13 lagos e terminam  mais cedo a última etapa em Passa Quatro. Sobre o que aconteceu no Parque das Águas, em Caxambu, fico muito triste em relatar o ocorrido. Preferia mil vezes, ter tido a oportunidade de dizer como o local é lindo por dentro e todas as outras boas experiências, pela cidade. Coloquei o detalhamento aqui, na esperança que o assunto chegue as autoridades do local e, quem sabe no futuro, as regras mudem. 

Gastos:
Hospedagem R$ 120,00
Jantar R$ 30,00
Agua, Gatorade, Frutas R$ 20,00
Total: R$ 170,00




4 comentários:

  1. Muito gostoso viajar com voces por meios de belos relatos Parabéns meu amor.

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  2. qual a distância entre São Lourenço mg a Baependi MG.pela estrada real

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  3. No site da Estrada Real tem os detalhes de todos os trechos.

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